Amigos,
Os dois primeiros dias de pilotagem foram mais leves. rodamos 706 Km em cada dia. Hoje, na terceira etapa programamos o maior tempo na estrada.
A razão disso e' simples, queríamos aumentar gradualmente a quilometragem rodada para nos habituarmos com maior facilidade. Basta lembrar que não rodamos apenas um dia, mas rodamos muito por muitos dias.
Um outro detalhe interessante, que deve ser observado por quem pretende fazer uma viagem destas, é que se perde MUITO tempo nas alfândegas, portanto, programe-se para que disponha de tempo para as aduanas.
Ontem dormimos em Puerto Iguazu, que faz divisa com Foz já do lado argentino. Foi uma boa escolha a pernoite ali, pois estávamos na dúvida se conseguiríamos atravessar a fronteira e rodar um pouco mais. A demora nos fez entender que não daria certo.
Outro detalhe importante para quem vai atravessar por ali: Tanto Foz quanto Puerto são cidades turísticas, portanto os hotéis normalmente ficam lotados. Como já tínhamos reservas não tivemos problemas, mas encontramos com brasileiros que não conseguiram lugar para dormir e tiveram que voltar ao Brasil para pernoitar.
Já havíamos ouvido falar da polícia Argentina, que era especialmente corrupta. E que tivéssemos cuidado com eles. Descobrimos então que existem dois tipos de polícia: as municipais e a nacional conhecida por Gendarmeria. Ambas se parecem com a PM brasileira no tipo de uniforme e ostensividade. A Gendarmeria é muito disciplinada e (até onde pudemos perceber) muito correta. O problema está em algumas polícias municipais. Principalmente na RUTA 12, logo após a travessia para a Argentina. Já havíamos lido em outros blogs a referência a estes policiais, e tal qual esta lá aconteceu conosco! Foi assim:
Estávamos trafegando em velocidade compatível com a estrada, entre 100 e 110 Km por hora, e reduzimos quando entramos numa área municipal para algo perto de 70 Km-h. Ao longe avistamos alguns cones na pista e quando chegamos perto, um guarda nos parou. Ele sorrindo contou as motocicletas, 1, 2, 3, 4, 5 e 6. E nos falou para estacionarmos onde havíam dois casais de motociclistas também brasileiros já se preparando para sair. Quando cruzamos com eles, um dos brasileiros, sutilmente nos informou que o que eles queriam era $$$...
Os dois policiais devidamente armados de pistolas automáticas nos convidaram ao escritório deles e fizeram todos entrar. Daí um deles retira o código de trânsito argentino e informa que em zona urbana deve-se trafegar no máximo à 60 Km-h e que em cruzamento de rutas deve-se diminuir para 40 km-h. Informou ainda que existe um radar fotográfico na entrada da cidade e que este radar tirou fotos de todos nós.
Depois mostrou que a multa mínima para esta infração é de 500 Pesos, e que o infrator deve comparecer perante um juiz municipal que julgará a infração e que poderá dar até 2000 Pesos de multa! E ele lembrou que hoje é domingo e que deveríamos esperar até segunda para ver esta majestosa autoridade judiciária...
(Já sabíamos naturalmente que era sacanagem do policial que queria era grana mesmo, daí entramos na dele para nos livrarmos logo)...
Então o Wolf perguntou como os brasileiros que haviam sido parados antes de nós conseguiram sair logo... Daí ele deu uma volta enorme para dizer finalmente que poderíamos pagar ali mesmo a multa mínima que seria de 100 pesos por moto (algo como R$ 50,00). Fizemos então uma reunião a parte onde decidimos pagar a "multa" Sabíamos que se ele realmente lavrasse a infração não ocorreria nada, porque nada legalmente nos obriga a esperar por este "juiz" e ele não poderia prender nossos veículos. Mas decidimos pela saída mais rápida, porque ele iria demorar horrores no preenchimento destas infrações, e até aquele momento já havíamos perdido mais de 1 hora neste atraso!
Pagamos então a multa e o policial de nome Gustavo nos orientou a dizer na próxima barreira, se fôssemos parados que já tínhamos pago a multa mínima à ele. O FDP ainda tirou um caderno onde anotou os dados de um de nós e explicou que aquele caderno era apresentado ao juiz, para justificar o pagamento das multas mínimas. Ele deve achar que os brasileiros são burros!!
Mas tudo bem, multa paga, retornamos a estrada. Agora uma dica que ele deu foi válida e é importante aos futuros aventureiros. Em todas as cidades argentinas que são próximas às estradas existe uma placa dizendo "Inicio de Zona Urbanizada" e placas informando para reduzir a velocidade para 60 ou 40 Km. Decidimos então respeitar estas placas, o que nos economizou algumas outras propinas, pois ninguém mais nos parou por motivo de velocidade. No fim da cidade existe outra placa com os dizeres "Fim de Zona Urbanizada", ou seja, dá-lhe acelerador!
A Malu - HD do Scorpion começou a dar problema na embreagem. Principalmente nas últimas marchas. Mas até aí tudo bem, continuamos a jornada.
A Argentina está realmente enfrentando sérias dificuldades financeiras. Vimos in-loco o que os noticiários dizem. Um dos maiores sinais disso são os carros que circulam no país. 80% dos que vimos tem mais de 10 anos. Alguns com 30 ou 40 anos ainda rodando nas estradas!!
Uma dica para quem vai pilotar neste país é observar que os motoristas sinalizam de forma contrária a possibilidade ou não de ultrapassagem. Enquanto no Brasil, ligamos o pisca alerta para a direita para dizermos que pode ultrapassar, na Argentina é o oposto. liga-se o da esquerda. Fique atento à isso.
Outra coisa interessante é o tanto que as motos fazem sucesso por aqui. Eles não tem muitas motos de alta cilindrada, e é incrível o tanto de pessoas que acenam e piscam as luzes quando passamos. Estamos acostumados a entender como um sinal de precaução quando um motorista que nos cruza o caminho acende a luz alta algumas vezes. Por aqui eles fazem para isso para nos saudar. Principalmente os motoristas de caminhões. Eles chegam a tirar a mão para fora para mandar um aceno! Quando paramos, várias pessoas tiram fotos e perguntam coisas sobre as motos. É bem interessante. Em várias barreiras policiais, os oficiais perguntavam coisas da viagem, das motos, autonomia, etc... Elas realmente chama a atenção por aqui.
As nossas paradas para abastecimento, por mais que desejemos que sejam rápidas, tem demorado até 30 minutos. A razão disso é que em muitos postos de combustível, apesar de existirem muitas bombas, há apenas um frentista, ou apenas um que se dispõe a servir "brasilenos"... Isso tem nos atrasado um pouco, pois são 6 motos e 1 carro para abastecer sempre. Temos rodado uma média de 200 km entre uma parada e outra, e não ficamos sem combustível hora nenhuma.
Hoje passamos um pequeno susto. Havia uma banda de rodagem (pedaço grande de pneu) na pista contrária à nossa e um caminhão que vinha em sentido oposto invadiu nossa pista passando muito perto do Pedro. Felizmente ficou tudo só no susto.
Retas, retas e mais retas. Assim pode-se dizer que é grande parte da Argentina. Impressiona o tanto de retas. O que acaba auxiliando na pilotagem e no tempo total de deslocamento.
Assistimos a um entardecer maravilhoso! E aqui no Sul, o sol se põe mais tarde no verão, o que nos permitiu rodar muito tempo de dia. Mas como tínhamos a maior parte da jornada à ser rodada hoje, não conseguimos evitar a noite. Chegamos às 22:35h em Santa Fé.
A cidade é muito bonita por sinal. Vale a visita! Fomos sacar pesos em um caixa eletrônico e vale dizer que nunca vimos tantos sapos juntos em um só lugar :) o caixa estava infestado de bratáquios!
O Scorpion tentou através do GPS de seu celular chegar até onde estava o hotel. Rodamos por mais de 20 minutos sem conseguirmos. Até que deixamos a tecnologia de lado e apelamos para o bom e tradicional taxi! Um motorista nos escoltou até o hotel, onde tivemos uma reunião com o Wolf, (Mestre dos Magos) em que ele deixou claro que quem não estivesse pronto às 8h para sair para a estrada pagaria o abastecimento de todos os outros! O resultado disso conto pra vocês amanhã...
Mas lembre-se:
SE VOCÊ FOI A ARGENTINA E NÃO FOI EXTORQUIDO PELA POLICIA VOCÊ NÃO FOI À ARGENTINA...
Foxx
P.S:
Capitão, o Mestre dos Magos manda dizer que está faltando você por aqui. Esta jornada é muito melhor que Daytona heheheh